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Um pouco mais sobre o Transtorno da Personalidade Borderline TPB e a Desregulação Emocional (DE)

O transtorno da personalidade borderline ou transtorno de personalidade com instabilidade emocional é um transtorno mental bastante prevalente na população mundial. Estima-se que 1,5 a 3,5% da população geral e 10% das pessoas que buscam atendimento psiquiátrico sofram desse transtorno. Cerca de 80% dos pacientes com TPB apresentam comportamento auto-lesivo e até 10% chegam a cometer suicídio.

Sabe-se que o TPB tem um importante componente genético e seus sintomas estão relacionados a uma série de alterações do funcionamento cerebral. Ainda assim, não existem exames de imagem ou de laboratório que façam o diagnóstico de TPB. O diagnóstico de TPB é realizado pelo médico psiquiatra, de acordo com critérios clínicos. Na maior parte dos casos, os sintomas começam a aparecer no final da infância ou no começo da adolescência e ficam mais evidentes no começo da vida adulta.

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) da APA (Associação Americana de Psiquiatria), a definição e os critérios diagnósticos para o Transtorno da Personalidade Borderline são:

“Um padrão difuso de instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem e dos afetos e de impulsividade acentuada que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:

  1. Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado. (Nota: Não incluir comportamento suicida ou de automutilação coberto pelo Critério 5.)
  2. Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização.
  3. Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da percepção de si mesmo.
  4. Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas (p. ex., gastos, sexo, abuso de substância, direção irresponsável, compulsão alimentar). (Nota: Não incluir comportamento suicida ou de automutilação coberto pelo Critério 5.)
  5. Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento auto- mutilante.
  6. Instabilidade afetiva devida a uma acentuada reatividade de humor (p.ex., disforia episódica, irritabilidade ou ansiedade intensa com duração geralmente de poucas horas e apenas raramente de mais de alguns dias).
  7. Sentimentos crônicos de vazio.
  8. Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la (p. ex., mostras frequentes deirritação, raiva constante, brigas físicas recorrentes).
  9. Ideação paranóide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos intensos.”

Dessa forma, o TPB é um transtorno muito heterogêneo, com múltiplas apresentações e frequentemente é acompanhado de outros transtornos mentais, como depressão, transtorno alimentar e transtorno mental por uso de substâncias.

Caso você conheça uma pessoa que sofra com esses sintomas, deve estimulá-la a procurar atendimento especializado. O tratamento do TPB pode promover importante melhora da qualidade de vida do paciente e de seus familiares.

Desregulação Emocional (DE)

A Desregulação Emocional é um dos elementos centrais do TPB e também está presente em outros transtornos mentais. Consiste na dificuldade extrema que alguns indivíduos têm em lidar com as suas próprias respostas emocionais, que são mais intensas e mais reativas do que a da maior parte das pessoas.

Pessoas que têm tamanha dificuldade em manejar suas emoções frequentemente apresentam comportamento instável, dificuldade de controlar agressividade, problemas de relacionamento, impulsividade, comportamento auto-lesivo e tentativas suicidas.

Quem sofre de DE muitas vezes não consegue se comportar e interagir de maneira adequada para alcançar seus objetivos e nem comunicar de maneira efetiva o que está sentindo, justamente porque a DE corresponde a perda de controle sobre as próprias emoções e sobre si mesmo, o que gera muito sofrimento para o indivíduo e para as pessoas ao seu redor.

No Conexões Familiares abordamos o tema da DE de maneira mais aprofundada e trabalhamos habilidades para lidar com esse grave problema no ambiente familiar.

Como procurar ajuda?

Em caso de situação de risco de vida, deve-se sempre procurar o Pronto-Socorro, idealmente em um hospital que disponha de serviço de psiquiatria. A maior parte dos Pronto-Socorros no Brasil não têm um médico psiquiatra de plantão, então vale a pena verificar essa informação ao escolher um local de atendimento.

No SUS a rede de assistência a saúde mental é composta principalmente pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS), que servem como porta de acesso a população para todo tipo de demanda relacionada a atenção a saúde e pelos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) que são unidades especializadas em atendimento a transtornos mentais.

Na rede privada, existem muitos psiquiatras e psicólogos treinados em tratamentos baseados em evidências científicas para o TPB, como a Terapia Comportamental Dialética (DBT), o Bom Manejo Clínico (GPM) e o Tratamento Baseado em Mentalização (MBT).

Combatendo o Estigma

Os problemas do TPB são difíceis de tratar e afetam não só o paciente, mas também sua família. O diagnóstico de TPB ainda é emitido com relutância e pessimismo por parcela significativa dos profissionais, que consideram essa condição clínica como uma sentença imutável e intratável. Os estudos mais recentes,no entanto, fornecem evidências na direção contrária: a comunicação precoce e o diagnóstico correto reduzem a sintomatologia dos pacientes no curto-prazo e permitem melhor planejamento de vida e do tratamento, reduzindo o sofrimento emocional dos pacientes e familiares.

O Conexões Familiares™ trabalha para reduzir o estigma e garantir que as pessoas que sofrem de TPB e seus familiares sejam adequadamente atendidos e tratados.